quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Não estou envelhecendo, estou virando um clássico!

 

Quando eu tinha 20 e poucos anos, me diziam que eu sentiria uma “boa” mudança pra pior depois dos 30. Nunca senti nada diferente, a não ser ter voltado a vida de solteira, depois de 10 anos casada. Na verdade me senti mais viva, mais jovem, cheia de novos desafios, e com um mundo todo pela frente.

Quando eu tinha 30 e poucos anos, me diziam que eu sentiria o peso dos 40. Os 40 chegaram e passaram num piscar de olhos. Sinceramente, não senti peso algum, talvez alguns quilos a mais, que não perco mais com a facilidade que perdia. Talvez a raiz do meu cabelo, que grita por socorro em menos de um mês, quando os brancos começam a parecer uma tiara. Mas, não justifica, até porque sempre cuidei da cor do meu cabelo antes mesmo de aparecerem os fios brancos. Também nunca fui de fazer dieta e restringir nenhum tipo de alimento porque engorda, então, normal estar pagando o preço agora. Como também nunca consegui frequentar regularmente uma academia para manter ou melhorar minha estética. Fazia e faço quando posso, pelo simples fato de gostar de movimento, ação e aventura.

Sempre gostei de esportes de ação. Não foi por modismo ou porque hoje em dia é bacana praticar esportes que envolvam natureza, até porque acho que vivi bem antes disso tudo, quando era estranho uma mulher querer fazer trilha, pilotar moto cruzando estados, resolver tomar banho de chuva quando tudo ao seu redor parece não ser apropriado. Sempre amei a natureza, sempre parei para ver um lindo pôr do sol, ficar horas olhando um céu estrelado para ver estrelas cadentes, sentar e escutar o barulho do mar, tomar um banho de cachoeira. Isso sempre foi a minha praia. Então, nunca senti peso ou incomodo com minha idade, até porque sigo fazendo tudo isso hoje.

Lembro-me de uma situação que aconteceu há mais de 20 anos, eu tinha 20 e poucos anos. Estava num consultório médico aguardando a consulta, e uma mulher entrou e foi falar com a secretária. Como de costume numa primeira consulta, a secretária fez algumas perguntas. Perguntou nome e sobrenome, ela respondeu. Perguntou qual o endereço, ela respondeu. Perguntou qual telefone para contato, ela respondeu. Quando ela perguntou qual a idade, ela disse 30, bem enfática! Todas as mulheres que estavam esperando deram uma olhada de cima abaixo na tal mulher, e logo em seguida cruzaram olhares duvidosos. Foram os 2 ou 3 segundos mais longos que já vi na vida, até que ela deu continuidade a resposta: “e cinco”. E ainda concluiu: “sempre funciona!”. Todas caíram numa grande gargalhada, inclusive eu. Fiquei me perguntando naquele momento, se um dia faria o mesmo que ela, esconderia ou mentiria a minha idade. Estou chegando aos 50 anos, dia 02 de fevereiro e, nunca escondi minha idade.

E agora que estou completando 50, vou sentir que mudança, que peso?

Vou confessar uma coisa para todos vocês, homens e mulheres que acompanham o que escrevo aqui. Me sinto ótima como uma cinquentenária!

Sinceramente, parece que estou abrindo um novo capítulo na minha vida. Estou mais serena, mais tranquila, e passei a dar mais valor ao que antes não valorizava tanto. Eu sempre amei o pôr do sol, mas talvez não demonstrasse o mesmo amor pela minha mãe como faço hoje. Afinal, precisei viver o bastante para ver que ela era o meu maior e mais bonito pôr do sol. Aprendi a amar mais as pessoas, não apenas a natureza e seus encantos. Aprendi que ter paz de espírito não tem nada a ver com o que você tenta mostrar aos outros, mas sim o que os outros veem em você, sem que tenha necessidade de mostrar.

Mas isso eu consegui chegando até aqui, vivendo tudo que vivi. Errando, acertando, amando, me apaixonando, me desapegando, valorizando e agradecendo. E vou continuar nesse mesmo círculo.

Esses tempos recebi um elogio, me compararam a uma Ferrari. Mesmo indo contra tudo que ensino nas minhas palestras, disse que até podia ser, mas só que uma Ferrari velha! E então, para minha surpresa, escutei que uma Ferrari é sempre uma Ferrari, independente do ano de fabricação. Diferente de ter um carro da moda hoje, que amanhã já está fora de linha.

Sim, foi um daqueles elogios que elevam e muito nossa autoestima. Mas percebi que só posso ser um clássico, se cuidar da mecânica e da minha lataria. Me manter o mais perto possível do original, funcionando e brilhando, mas sem fugir de quem sou. Senão viro uma lata velha!


Então, sigo acelerando e mostrando o ronco do meu motor pra vida! Afinal, eu sou uma Ferrari ontem, hoje e sempre!

Beijo bom!

Um comentário:

  1. Brilhante texto! Limpo, direto, sincero, real. Não deixe a Martha Medeiros ver... sabe como é... pode aparecer um beicinho de inveja. Parabéns antecipado. Do conterrâneo Julio Sortica.

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