Evolução, religião ou ódio?
Como trabalho a autoestima das mulheres há duas décadas, e
já ajudei milhares pelo Brasil, acredito que tenho certa bagagem para falar
sobre este assunto tão polêmico. Infelizmente, nesses anos todos, algumas
pessoas já confundiram meu trabalho com vulgaridade e que humilha a mulher,
colocando-a num papel de submissa e até mesmo uma “escrava dos desejos” de seu
parceiro, porque uma das coisas que ensino é o strip-tease. Óbvio que quem fez
esses comentários foram mulheres que nunca assistiram uma palestra ou uma aula
minha, uma vez que as técnicas que ensino não são para conquistar homens, mas
sim técnicas para serem aplicadas para um homem que já as conquistou, o que é muito
diferente. Ou seja, um homem que a respeita como mulher, e que não a vê como um
objeto, mas sim como sua parceira. Luto para que ela perceba o seu valor,
resgate sua autoestima e seja feliz com ela mesma, independente de estar ou não
com um homem ao seu lado. Luto para que ela busque o seu prazer através do
autoconhecimento, sabendo do que seu corpo é capaz.
Empoderar uma mulher vai muito além de conquistar e
equiparar um cargo, uma posição ou o respeito de um homem. Empoderar uma mulher
é além disso tudo, me valorizar e respeitar, e não apenas esperar isso do outro
ou da sociedade. E isso requer além de sabedoria, discernimento e muita
responsabilidade. Não é o que vejo em muitos movimentos feministas atuais,
infelizmente. Hoje vou citar apenas um exemplo:
Eu não mereço ser estuprada
Claro que não! Nenhuma mulher merece, e nem pede isso
através da roupa que usa. Mas lembra do discernimento e responsabilidade que
acabei de citar sobre o empoderamento? Então, veja se consegue entender meu
raciocínio.
Podemos usar o que quisermos. Se quero usar minissaia, fio
dental, transparência, eu uso. Não mereço e não pedi pra ser estuprada por me
vestir assim. Todo homem com discernimento, com um mínimo de educação, irá
respeitar isso. Mas, tem aquele 1% vagabundo... Sim, você já se deu conta que
existem psicopatas e sociopatas por aí? Não precisa ir tão longe, um simples
marginal já serve. Infelizmente, por mais que tenhamos o direito de usar aquilo
que nos convém, é muita ingenuidade achar que todos irão nos respeitar.
Lutar por isso é uma coisa, se expor inconsequentemente, é
outra bem diferente. Eu diria até que é burrice. Lute pela sua liberdade, mas
seja sábia. Precisamos de proteção e do mínimo de cuidado nos tempos atuais. Se
você não tem porte de arma, não tem curso de auto-defesa, e acha que todos na
rua devem te tratar como te tratam dentro da tua casa, independentemente de
onde esteja e o que estiver vestindo, reveja seus conceitos feministas. O mundo
não funciona assim, e não é gritando ou usando um avatar no facebook que irá te
proteger de um estupro.
Ninguém merece ser roubado. Mas nem por isso uma pessoa irá
entrar sozinha num local cheio de marginais vestindo roupas de grife, usando um
Rolex, com um Iphone 6 na mão, sabendo que não tem policiamento ou segurança.
Só se ela for trouxa.
Ninguém merece morrer num acidente de carro por imprudência
dos outros. Ninguém pede isso, ainda mais se está sendo prudente na direção. Imagina
você dirigindo um carro pequeno numa reta, e avista um caminhão ultrapassando
na mão contrária a sua, vindo em sua direção. O motorista do caminhão está
errado ultrapassando naquele ponto, e você está certo e na velocidade permitida.
Porém, ele não sai da contra mão e continua vindo na sua direção. Você vai
insistir e ficar ali, não vai diminuir a velocidade e dar passagem, porque está
certo e precisa ser respeitado? Só se você for um sem noção!
Entende agora quando eu falo de discernimento e
responsabilidade?
Enquanto não existir o cumprimento da lei, e muito menos bom
senso e respeito por parte de alguns poucos homens ( aquele 1% vagabundo), eu
preciso me proteger e não correr riscos desnecessários. É muita ilusão, achar
que posso andar como eu quiser onde eu quiser, e que nada vai me acontecer
porque eu não mereço e não pedi.
Seja uma feminista consciente, e não uma feminista imatura que
usa o movimento como uma religião apenas. Pois alguns movimentos são apenas como
aquele carro indo de encontro ao caminhão. Não faça parte destes.
Beijo bom.