sexta-feira, 28 de março de 2014

A teoria do amor

 

Numa noite dessas aqui na praia, depois de jantar deliciosos cogumelos com mostarda na manteiga (minha especialidade), e entre um gole e outro de um bom vinho, discutíamos sobre o amor (agora já pensou que era chá de cogumelo!). Debatemos se existe amor verdadeiro, se é só paixão, ou simples companheirismo. Falar em “amor verdadeiro” sempre gera certa tensão, porque a maioria não só acredita nisso como sonha em encontrar o seu verdadeiro amor. Em contrapartida, tem aqueles que não acreditam no amor, mesmo vivendo paixões avassaladoras de tempos em tempos.

Joguei o assunto no meu face só para sentir os comentários. Incrível como a maioria das pessoas quase sempre associa amor a amor romântico. Tipo, aquele amor que te faz andar em nuvens de algodão doce, e te faz sonhar acordado. Elas acreditam na plenitude do amor, aquele sentimento que tira o fôlego. Onde tudo é lindo e mágico, assim como tudo pode ser dramático e triste. Até porque acreditam que o amor “verdadeiro” não há mentira, traição, brigas, crises ou ciúme. Utopia. Minha teoria é que existem várias formas de amar dependendo das circunstancias, por vezes longe de serem românticas, mas todas válidas. Ou seja, todo mundo ama de uma forma ou outra, até aqueles que não acreditam no amor!

A “Teoria triangular do amor” foi desenvolvida pelo premiado psicólogo Robert Stemberg e explica a teoria do amor. Muitos irão dizer que não existe teoria para o amor, que ele simplesmente acontece. Mas Stemberg diz que o amor precisa de três componentes para ser consumado, são eles, intimidade, paixão e compromisso. Imagine que cada vértice de um triangulo represente um dos três componentes, eles interagem entre si e formam sete diferentes experiências  amorosas. Quanto maior o triangulo, maior o amor. E esse formato de triangulo, mostra que estilo de amor que pode variar com o andar do relacionamento.

Desamor. Das sete experiências amorosas, uma delas não está representada no triangulo, o Desamor. Ele caracteriza a maior parte das relações pessoais, que são simplesmente interações casuais.

Amizade é "usado aqui em um sentido não trivial. Ambas as partes sentem vínculos, proximidade e carinho pela outra parte, sem sentimentos de paixão intensa ou compromisso em longo prazo”.

Paixão: "a paixão resulta da experiência de um estímulo passional quando na falta de intimidade ou compromisso." Relacionamentos românticos comumente se iniciam com uma paixão e se tornam românticos à medida que a intimidade é desenvolvida com o tempo. Sem o desenvolvimento da intimidade ou compromisso, a paixão pode desaparecer rapidamente e repentinamente.

Amor vazio é caracterizado por um compromisso sem intimidade ou paixão. Um amor "forte" pode ser deteriorado e tornar-se um amor vazio. Em um casamento arranjado, o relacionamento entre os cônjuges podem começar em um amor vazio e desenvolver-se em outra forma, indicando "que um amor vazio pode não ser o estágio terminal de um relacionamento, mas sim o início de um”.

Amor romântico "é derivado da combinação dos componentes da intimidade e paixão. [...] Amantes românticos não só são inclinados entre si fisicamente como também vinculados emocionalmente”, vinculados tanto intimamente quanto passionalmente, mas sem sustentar um compromisso.

Companheirismo amoroso é um tipo de amor íntimo e ligado a um compromisso a longo prazo, porém sem o componente passional. "Esse tipo de amor é observado em casamentos duradouros, onde a paixão não é mais presente", mas onde ainda há o sentimento de profunda afeição e compromisso. O amor idealmente compartilhado entre os membros da família é uma forma de companheirismo amoroso, assim como o amor entre amigos próximos que não têm um amor platônico, mas uma forte amizade.

Amor fugaz pode ser exemplificado por um repentino namoro e casamento - "fugaz no sentido que um compromisso é feito baseado numa paixão sem uma influência estável de envolvimento íntimo"

Amor consumado é a forma completa de amor, representando um teórico relacionamento ideal. De acordo com Sternberg, esses casais tendem a ter muitos anos de relações sexuais, não conseguem se imaginar felizes com qualquer outra pessoa, ultrapassam dificuldades, e ambos se encantam no relacionamento com o outro. Entretanto, Sternberg alerta que a manutenção de um amor consumado costuma ser ainda mais complicado do que alcançá-lo. Ele enfatiza a importância da tradução dos componentes do amor em ações. "Sem expressão," diz, "até o maior dos amores pode morrer." Ainda, o amor consumado pode não ser permanente. Se a paixão é perdida com o tempo, ele pode se transformar num companheirismo amoroso.


Enfim, o amor consumado até o próprio desamor é uma forma de amar. Procure identificar seu tipo de amor, se ele te faz bem, que mal tem? 

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