Numa noite
dessas aqui na praia, depois de jantar deliciosos cogumelos com mostarda na
manteiga (minha especialidade), e entre um gole e outro de um bom vinho,
discutíamos sobre o amor (agora já pensou que era chá de cogumelo!). Debatemos
se existe amor verdadeiro, se é só paixão, ou simples companheirismo. Falar em
“amor verdadeiro” sempre gera certa tensão, porque a maioria não só acredita
nisso como sonha em encontrar o seu verdadeiro amor. Em contrapartida, tem
aqueles que não acreditam no amor, mesmo vivendo paixões avassaladoras de
tempos em tempos.
Joguei o
assunto no meu face só para sentir os comentários. Incrível como a maioria das
pessoas quase sempre associa amor a amor romântico. Tipo, aquele amor que te
faz andar em nuvens de algodão doce, e te faz sonhar acordado. Elas acreditam
na plenitude do amor, aquele sentimento que tira o fôlego. Onde tudo é lindo e
mágico, assim como tudo pode ser dramático e triste. Até porque acreditam que o
amor “verdadeiro” não há mentira, traição, brigas, crises ou ciúme. Utopia. Minha
teoria é que existem várias formas de amar dependendo das circunstancias, por
vezes longe de serem românticas, mas todas válidas. Ou seja, todo mundo ama de
uma forma ou outra, até aqueles que não acreditam no amor!
A “Teoria triangular do amor” foi
desenvolvida pelo premiado psicólogo Robert Stemberg e explica a teoria do
amor. Muitos irão dizer que não existe teoria para o amor, que ele simplesmente
acontece. Mas Stemberg diz que o amor precisa de três componentes para ser
consumado, são eles, intimidade, paixão e compromisso. Imagine que cada vértice
de um triangulo represente um dos três componentes, eles interagem entre si e
formam sete diferentes experiências
amorosas. Quanto maior o triangulo, maior o amor. E esse formato de
triangulo, mostra que estilo de amor que pode variar com o andar do
relacionamento.
Desamor. Das sete experiências amorosas, uma
delas não está representada no triangulo, o Desamor. Ele caracteriza a maior parte das relações pessoais,
que são simplesmente interações casuais.
Amizade é "usado aqui em um sentido não trivial. Ambas as partes
sentem vínculos, proximidade e carinho pela outra parte, sem sentimentos de
paixão intensa ou compromisso em longo prazo”.
Paixão: "a paixão
resulta da experiência de um estímulo passional quando na falta de intimidade
ou compromisso." Relacionamentos românticos comumente se iniciam com uma
paixão e se tornam românticos à medida que a intimidade é desenvolvida com o
tempo. Sem o desenvolvimento da intimidade ou compromisso, a paixão pode
desaparecer rapidamente e repentinamente.
Amor vazio é caracterizado
por um compromisso sem intimidade ou paixão. Um amor "forte" pode ser
deteriorado e tornar-se um amor vazio. Em um casamento arranjado, o relacionamento
entre os cônjuges podem começar em um amor vazio e desenvolver-se em outra
forma, indicando "que um amor vazio pode não ser o estágio terminal de um
relacionamento, mas sim o início de um”.
Amor romântico "é
derivado da combinação dos componentes da intimidade e paixão. [...] Amantes
românticos não só são inclinados entre si fisicamente como também vinculados
emocionalmente”, vinculados tanto intimamente quanto passionalmente, mas sem
sustentar um compromisso.
Companheirismo amoroso é um tipo de
amor íntimo e ligado a um compromisso a longo prazo, porém sem o componente
passional. "Esse tipo de amor é observado em casamentos duradouros, onde a
paixão não é mais presente", mas onde ainda há o sentimento de
profunda afeição e compromisso. O amor idealmente compartilhado entre os
membros da família é uma forma de companheirismo amoroso, assim como o amor
entre amigos próximos que não têm um amor platônico, mas uma forte amizade.
Amor fugaz pode ser
exemplificado por um repentino namoro e casamento - "fugaz no sentido que
um compromisso é feito baseado numa paixão sem uma influência estável de
envolvimento íntimo"
Amor consumado é a forma
completa de amor, representando um teórico relacionamento ideal. De acordo com
Sternberg, esses casais tendem a ter muitos anos de relações sexuais, não
conseguem se imaginar felizes com qualquer outra pessoa, ultrapassam
dificuldades, e ambos se encantam no relacionamento com o
outro. Entretanto, Sternberg alerta que a manutenção de um amor consumado
costuma ser ainda mais complicado do que alcançá-lo. Ele enfatiza a importância
da tradução dos componentes do amor em ações. "Sem expressão," diz,
"até o maior dos amores pode morrer." Ainda, o amor consumado
pode não ser permanente. Se a paixão é perdida com o tempo, ele pode se transformar
num companheirismo amoroso.
Enfim, o amor
consumado até o próprio desamor é uma forma de amar. Procure identificar seu
tipo de amor, se ele te faz bem, que mal tem?
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