Recebi várias sugestões de temas para a minha coluna dessa
semana, inclusive muitos pedindo que eu escrevesse sobre a visão do homem e da
mulher no divórcio. Se a reação deles é diferente, que fases são necessárias
que passem no processo da separação, dentre outros assuntos.
Então, baseada na experiência de muitos casais que escutei
nesses anos todos de trabalho, na minha própria história, pesquisas, e também
escutando a opinião de psiquiatras e terapeutas, vamos ao que interessa. Vale
lembrar que tudo que for dito aqui acontece com a grande maioria que passa por
uma separação, mas cada caso é um caso. Cada pessoa vive de uma forma diferente
essa experiência, tanto homens quanto mulheres. Alguns associam esse momento a
alívio e sensação de liberdade, enquanto outros a muita dor e sofrimento.
Na maioria das vezes, alguns estudos apontam para 70% e
outros até 80%, é a mulher que toma a iniciativa. Mas isso não significa que
ela, ou mesmo o homem, caso peça o divórcio, não sofra com a mudança.
O luto
Terapeutas comparam o divórcio com o luto. O fim de um
casamento é uma morte, assim como o começo deu nascimento a uma identidade (“a
esposa”, ou “o namorado”), e tudo é construído em torno dessa identidade. Um
mundo se cria em cima desse relacionamento. Quando ele acaba, esse mundo
desmorona. Aquela identidade não existe mais, e é preciso renascer de novo, e
nem sempre é fácil.
O luto pela morte envolve algo que não temos domínio algum,
mas o luto pelo fim de um casamento envolve outro sentimento, a rejeição. Ninguém
leva como ofensa pessoal a morte de um ente querido, mas perder alguém porque
não quer mais você por qualquer que seja o motivo, o peso é maior, e pode vir
acompanhado de frustração e sensação de derrota.
É como enterrar alguém que continua vivo, e que tem uma vida
que nós não fizemos mais parte. Ou seja, esse tipo de luto é muito mais
complexo.
As fases do divórcio
Apesar de não acontecerem sempre nessa ordem, inclusive
alguns nunca chegam a superar a última fase, essas são as fases do luto:
Negação- A pessoa
faz de conta que nada mudou. “Estou bem”, “isso não está acontecendo”. Age como
se ainda estivesse casada.
Raiva- “Por que
eu?” a pessoa fica confusa e revoltada por não conseguir entender o que está
acontecendo. A cada novidade sobre a separação, sentimento de vingança,
saudade, amor, ódio, retornam.
Negociação- A
pessoa gasta muito tempo em conversar e arranjar explicações coerentes para
suas atitudes ou a do outro. Também chamada de fase da racionalização.
Depressão- A ficha cai. A pessoa se dá conta que não tem
mais volta. É a fase da dor profunda. Cada um tem seu tempo, mas todos passam
por isso. Alguns caem em depressão profunda.
Aceitação- A vida
continua. Virar a página é preciso. “Só se cura um amor velho, quando encontrar
um novo.” O ditado é velho, mas continua atual.
Infelizmente muitos não conseguem chegar nessa fase. Ficam
presos na negação ou revolta, ou então na tristeza, depressão. Por isso, o
apoio de amigos, familiares e de profissionais é muito importante em todas as
fases do luto. Temos que passar por ele de qualquer forma, cada um no seu
tempo, uns levam alguns meses, outros anos. Alguns pulando ou alternando fases,
mas precisamos passar para superar e seguir em frente.
O outro lado da moeda
Assim como quem leva um pé na bunda tem que passar pelo
luto, geralmente quem toma a iniciativa no divórcio também passa por algumas
fases.
Euforia- sensação
de liberdade e alívio. Geralmente essa é a primeira fase. O mundo todo te
espera!
Vulnerabilidade- A
pessoa descobre nem tudo que reluz é ouro. A liberdade tem um preço. Assim como
no casamento, nem tudo são rosas fora dele. No caso de ser mulher, é uma fase
muito fácil pra ser conquistada, por estar mais fragilizada. A mulher gosta de
ser seduzida, conquistada. E isso pode acontecer na semana seguinte a
separação! O homem geralmente passa mais tempo apegado a ex-mulher.
Realidade- Estudos
mostram que 50% das pessoas que pedem divórcio se arrependem. Metade realmente
acertou em cheio saindo de um relacionamento, mas a outra metade não. É comum
períodos de tristeza, melancolia e arrependimento, até porque ninguém sai ileso
de uma separação.
O importante é que essas fases tanto de um lado como do
outro, terminem num “divórcio com dignidade”.
Beijo bom!
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