sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O divórcio e o luto



Recebi várias sugestões de temas para a minha coluna dessa semana, inclusive muitos pedindo que eu escrevesse sobre a visão do homem e da mulher no divórcio. Se a reação deles é diferente, que fases são necessárias que passem no processo da separação, dentre outros assuntos.

Então, baseada na experiência de muitos casais que escutei nesses anos todos de trabalho, na minha própria história, pesquisas, e também escutando a opinião de psiquiatras e terapeutas, vamos ao que interessa. Vale lembrar que tudo que for dito aqui acontece com a grande maioria que passa por uma separação, mas cada caso é um caso. Cada pessoa vive de uma forma diferente essa experiência, tanto homens quanto mulheres. Alguns associam esse momento a alívio e sensação de liberdade, enquanto outros a muita dor e sofrimento.

Na maioria das vezes, alguns estudos apontam para 70% e outros até 80%, é a mulher que toma a iniciativa. Mas isso não significa que ela, ou mesmo o homem, caso peça o divórcio, não sofra com a mudança.

O luto

Terapeutas comparam o divórcio com o luto. O fim de um casamento é uma morte, assim como o começo deu nascimento a uma identidade (“a esposa”, ou “o namorado”), e tudo é construído em torno dessa identidade. Um mundo se cria em cima desse relacionamento. Quando ele acaba, esse mundo desmorona. Aquela identidade não existe mais, e é preciso renascer de novo, e nem sempre é fácil.

O luto pela morte envolve algo que não temos domínio algum, mas o luto pelo fim de um casamento envolve outro sentimento, a rejeição. Ninguém leva como ofensa pessoal a morte de um ente querido, mas perder alguém porque não quer mais você por qualquer que seja o motivo, o peso é maior, e pode vir acompanhado de frustração e sensação de derrota.

É como enterrar alguém que continua vivo, e que tem uma vida que nós não fizemos mais parte. Ou seja, esse tipo de luto é muito mais complexo.

As fases do divórcio

Apesar de não acontecerem sempre nessa ordem, inclusive alguns nunca chegam a superar a última fase, essas são as fases do luto:

Negação- A pessoa faz de conta que nada mudou. “Estou bem”, “isso não está acontecendo”. Age como se ainda estivesse casada.

Raiva- “Por que eu?” a pessoa fica confusa e revoltada por não conseguir entender o que está acontecendo. A cada novidade sobre a separação, sentimento de vingança, saudade, amor, ódio, retornam.

Negociação- A pessoa gasta muito tempo em conversar e arranjar explicações coerentes para suas atitudes ou a do outro. Também chamada de fase da racionalização.

Depressão-  A ficha cai. A pessoa se dá conta que não tem mais volta. É a fase da dor profunda. Cada um tem seu tempo, mas todos passam por isso. Alguns caem em depressão profunda.

Aceitação- A vida continua. Virar a página é preciso. “Só se cura um amor velho, quando encontrar um novo.” O ditado é velho, mas continua atual.

Infelizmente muitos não conseguem chegar nessa fase. Ficam presos na negação ou revolta, ou então na tristeza, depressão. Por isso, o apoio de amigos, familiares e de profissionais é muito importante em todas as fases do luto. Temos que passar por ele de qualquer forma, cada um no seu tempo, uns levam alguns meses, outros anos. Alguns pulando ou alternando fases, mas precisamos passar para superar e seguir em frente.

O outro lado da moeda

Assim como quem leva um pé na bunda tem que passar pelo luto, geralmente quem toma a iniciativa no divórcio também passa por algumas fases.

Euforia- sensação de liberdade e alívio. Geralmente essa é a primeira fase. O mundo todo te espera!

Vulnerabilidade- A pessoa descobre nem tudo que reluz é ouro. A liberdade tem um preço. Assim como no casamento, nem tudo são rosas fora dele. No caso de ser mulher, é uma fase muito fácil pra ser conquistada, por estar mais fragilizada. A mulher gosta de ser seduzida, conquistada. E isso pode acontecer na semana seguinte a separação! O homem geralmente passa mais tempo apegado a ex-mulher.

Realidade- Estudos mostram que 50% das pessoas que pedem divórcio se arrependem. Metade realmente acertou em cheio saindo de um relacionamento, mas a outra metade não. É comum períodos de tristeza, melancolia e arrependimento, até porque ninguém sai ileso de uma separação.

O importante é que essas fases tanto de um lado como do outro, terminem num “divórcio com dignidade”.


Beijo bom!

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