terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A ampulheta



De repente me pego escrevendo mais uma coluna de final de ano. Inevitável não pensar em como os anos passam rápido, e com eles tantas coisas que passam também. Dizem que conforme vamos envelhecendo temos a sensação que os anos passam mais depressa. Dizem também, que isso acontece porque quando somos jovens estamos sedentos por descobrir o mundo, tudo é novo, e o tempo parece não passar. Então, nós crescemos e começamos a namorar, estudar, casar, ter filhos, trabalhar, viajar, nos estressar e tudo mais. O relógio dispara! É como uma ampulheta que acabou de ser virada e você vê que o tempo restante está se aproximando.

Como vocês já sabem, fico muito melancólica nessa época do ano, assim como muita gente. Mas junto com essa melancolia sempre vem aquela contabilidade, a conta de como foi o ano. Não foi um ano fácil pra maioria, e me incluo nesse time.  A minha ampulheta está correndo a passos largos, e cada ano tem sido um aprendizado que gostaria de compartilhar com vocês.

Já fui muito ansiosa, muito sonhadora, revoltada e querendo mudar o mundo e quem estivesse a minha volta. A maturidade não mudou meus ideais, mas mudou minha forma de encará-los. Continuo querendo mudar muita coisa e muita gente, mas quem acabou mudando fui eu.

Uma das mudanças foi a forma de ver o amor. Preciso confessar que ainda tenho muito a aprimorar, mas já progredi bastante. Eu sempre acreditei no amor romântico (quem nunca?). Aquele tipo de amor que era confundido com apego, estar agarrada em alguém. E com isso eu tinha muito medo de perder e, consequentemente sofrer. Enxergava no amor uma forma de alguém me fazer feliz. Era só apego.

Hoje vejo o amor de uma forma muito mais abrangente e menos egoísta. Não espero mais ser feliz com o amor de alguém, mas que esse alguém seja feliz. Ótimo se for comigo, mas se não for, que seja feliz. Porque quanto mais eu sufoco quem amo, mais eu sofro. Não quero um amor que tenha que agarrar com unhas e dentes, quero um amor que seja leve como uma pena. Isso não é amor romântico, é amor genuíno.

Mas não pense que é fácil. Levei quase meio século pra aprender, vivenciando as minhas experiências e tendo acesso a experiência de inúmeros casais. Homens e mulheres insistem em encontrar alguém que os preencha, quando deveriam se sentir preenchidos por si mesmos, pra só então ficarem juntos e apreciarem isso no outro. 

Pode soar clichê, mas não espere que o outro supra a sensação de bem estar que você não tem sozinho. Projetar no outro todos os seus desejos, sonhos e ideais, que geralmente não são possíveis de serem correspondidos, pode e será complicado. Porque a partir do momento que conhecemos melhor nosso parceiro, percebemos que ele não é um príncipe encantado o tempo todo, e nem somos Cinderela na maior parte do tempo. Ambos estamos na luta, na batalha, somos pessoas comuns. E se você não se encantar realmente com isso, ou seja, sentir desejo e gostar de alguém que não venha para realizar seus sonhos, viverá apenas um amor romântico e não um genuíno.

Devaneios a parte, espero que neste Natal você agradeça por tudo que tem, e valorize realmente quem está a seu lado, sua família e seu parceiro. Aprecie seu amor com bondade e compaixão.

A ampulheta pode correr, mas você olhará para trás e verá que valeu a pena cada momento.

Beijo bom e boas festas!


Um comentário:

  1. Linda mensagem para nossa reflexão Rita querida! Concordo e assino em baixo! Super abraço e feliz Natal para vocês! Saudades e carinho eterno por ti!

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